sexta-feira, 16 de agosto de 2019

ALOÍSIO

Gustavo Maia Gomes
José Aloísio Brandão Vilela (1903-76) – um dos quatro folcloristas da “Escola de Viçosa” (AL) que deram fama à cidade, em meados do século XX – foi um intelectual diferente. Pesquisou muito; publicou pouco. Mas foi amplamente considerado profundo conhecedor dos assuntos que lhe interessavam.
Morreu na madrugada de 4 de setembro de 1976, em acidente de carro nas imediações de Arapiraca (AL). Seu irmão Teotônio Vilela (1917-83), senador de Alagoas, líder da luta pela redemocratização, escreveu: “[Aloísio] tinha pela cultura popular uma obsessão quase mística”. E disse mais, no mesmo “Boletim Alagoano de Folclore” (1977-1, edição em memória de José Aloísio Vilela):
“Caçava as manifestações de inteligência por toda a parte. Nas festas de rua, nos pagodes, nos desafios à viola entre cantadores, nos reisados, cheganças, guerreiros, nos pastoris, no coco das Alagoas, nas cavalhadas, na roda de Zé Rubina, no cego cantando toada, no aleijado tocando reco-reco, nas narrativas dos ex-cabras de Lampião e Antônio Silvino, na fé dos romeiros do padre Cícero, na admiração popular aos oradores políticos”.
Dentre os poucos livros que José Aloísio publicou em vida, o mais conhecido é "O Coco das Alagoas: Origem, evolução, dança e modalidades" (1961). No respectivo prefácio, assim falou Luís da Câmara Cascudo (1898-1986): "Alagoas, (...) pode apresentar um autêntico recriador da ciência coletiva, alma clara e ampla para onde convergem, bramindo e sonhando, as águas vivas do folclore alagoano, um José Aloísio Vilela, meu compadre pela graça de Deus e unânime aclamação dos povos".
Incluo nesta postagem dois conjuntos de fotos. O primeiro é do acervo familiar preservado desde o tempo de meus avós Nominando Maia Gomes e Josefa (Maninha) Bahia. Este contém fotos com dedicatórias de José Aloísio, de Laura Bahia (sua mulher, irmã de Josefa) e de três de seus filhos. O segundo, copiado do “Boletim Alagoano de Folclore”, inclui flagrantes da vida pública de José Aloísio.

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