sexta-feira, 16 de agosto de 2019

A CASA IMPROVÁVEL

Gustavo Maia Gomes
Lourdes Barbosa, minha muito querida Lourdes Barbosa, foi à Ilha do Marajó a fim de rever um lugar histórico para sua família. E fez fotos maravilhosas. Eu também queria ir, mas não pude, desta vez. Haverá uma próxima, em breve.
Há tantas perguntas a serem feitas. O que sustentava essa opulência? A pecuária, imagino. De bois? Búfalos? A mão de obra era local? De índios, certamente. Como eram as relações de trabalho? Duvido que fossem pagos em dinheiro. Deviam receber permissão para plantar suas próprias culturas alimentares, e criar seus bois, em lotes da terra.
Essa e as outras fazendas similares vendiam carne para Belém? (Ainda hoje?) Por que elas decaíram tanto, se se trata de um fenômeno não restrito à fazenda que Lourdes mãe chamava de "Meu Sossego"?
O que justificava esse gigantismo do conjunto residencial, muito maior, por exemplo, do que as maiores casas-grandes do Nordeste açucareiro? Famílias numerosas? Desejo de ostentar? Excesso de dinheiro sem outra aplicação possível? Tudo isso junto?
Três andares! Devia ser por falta de terras para construir casas térreas ou, vá lá, sobrados de dois pavimentos. ("Rs", como se diz no linguajar algo primitivo das redes sociais.) A pergunta é séria: por que fazer casas de três andares (com elevadores internos!!!) num lugar onde havia sobra de terras? Era para ostentar, provavelmente, impor respeito. Fantástico.
Parabéns, minha Linda. Isso tudo reforça nossa intenção de escrevermos juntos um livro sobre as raízes históricas de sua família e da sociedade onde seus parentes viveram. De uma coisa, não abro mão. Vamos lançar o livro nesse local, no terceiro andar da casa maior.
Depois de ter ensinado os índios remanescentes a ler e escrever, se eles ainda não o sabem.

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