terça-feira, 2 de abril de 2019

ASSASSINATOS DE CEM BOIS

Gustavo Maia Gomes
Impressiona a quantidade de matanças registradas na crônica política pernambucana dos últimos anos imperiais e primeiros republicanos. Sem contar as menores, identifiquei seis, cujos nomes correspondem ao local onde ocorreram. São as “hecatombes” da Vitória (1880), de São José (1884), da Inveja (1884), de Jatobá (1886), de Garanhuns (1917) e de Belmonte (1922).
Das matanças, apenas uma ocorreu no Recife (a de São José, nome da igreja em que houve o tiroteio). Todas as demais se deram no Interior, onde as diferenças políticas eram mais frequentemente resolvidas a bala. Com raras exceções, as disputas, nessa época, contrapunham proprietários a proprietários, barões a barões, coronéis a coronéis, a gente comum delas participando apenas como pistoleiros, capangas, jagunços ou forças policiais regulares.
Hecatombe, informa o Dicionário Online de Português, é um substantivo feminino com os significados de “massacre de muitas pessoas, chacina ou matança; desastre ou catástrofe em proporções gigantescas; calamidade; assassinato de cem bois (na Antiguidade)”. Em somente um dos casos acima se disse que os mortos chegaram a cem. E não foram bois, mas gente. Para os matadores, essa distinção tinha pouca importância.
(Publicado no Facebbok, 2-3-2019)

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