terça-feira, 2 de abril de 2019

VIÇOSA DE ALAGOAS, 1871, 1891

Gustavo Maia Gomes
Lugar de origem de muitos Bahias parentes meus, a Viçosa alagoana foi, até 1831, o povoado Riacho do Meio. Neste ano, virou a Vila de Assembleia. Em 1890, teve o nome alterado para Viçosa. Foi promovida a cidade (1892) e voltou a se chamar Assembleia (1943), mas seis anos depois recuperaria o nome atual.
Escreveu Tomás Espíndola (1871): “Assembleia [fica], à margem esquerda do Paraíba, 5 léguas de Atalaia, 7 de Quebrangulo, 6 de Anadia e 10 ao Sul de Imperatriz [atual União dos Palmares]. Principia a florescer pela sua grande cultura de algodão, cujo comércio seria muito mais desenvolvido se não fossem as péssimas estradas.”
Prossegue: “tem mais de 220 fogos [residências], alguns sobrados, uma agência de rendas provinciais e outra do correio e duas escolas de primeiras letras, uma para cada sexo”. (“Descrição física, política e histórica da Província das Alagoas”. 2ª edição. Maceió: Tipografia do Liberal, 1871, pág. 230.)
Vinte anos depois (1891), o "Almanak do Estado de Alagoas" pintou um retrato mais detalhado da demografia (“são cerca de 27.000 a 28.000 almas”) e das atividades econômicas da então Vila de Viçosa.
“Há regular animação no giro comercial na vila e em algumas de suas povoações”, mas o panorama industrial não era tão favorável: “estabelecimentos de bolandeiras [máquinas de descaroçar algodão] e maquinismos, uns movidos por água, outros por animais, para descaroçamento, preparo e ensacamento do algodão, e mais diversas oficinas de artes e ofícios mecânicos e destilações de aguardente, são os únicos ramos da indústria local”.
No que tange à agricultura e pecuária, “possui o município boas matas, que produzem bastante madeira, terrenos frescos e férteis, nos quais se cultivam em grande escala a cana de açúcar e o algodão, o fumo, a mandioca e outros legumes, havendo já em algumas propriedades o início do plantio do café. Criação de gados há pouca, pois a natureza dos terrenos é mais apropriada para plantações”.
As estradas eram “cortadas de riachos, onde há pontes que facilitam o trânsito pelo inverno”. Foram contadas 19 lojas de fazenda, 67 de secos e molhados, seis alfaiates, um salão de bilhar, oito ferreiros, quatro fogueteiros, cinco funileiros, 15 máquinas de descaroçar algodão, cinco marceneiros, um médico, seis ourives, quatro padarias, uma farmácia, dois professores de música, sete sapateiros e dois seleiros.
Engenhos de açúcar existiam 72, nos limites do município. Alguns com nomes sonoros: Baixa Funda, Bálsamo, Barra da Caranguejeira, Belo Cruzeiro, Bicho Preto, Boa Sorte, Cigana, Dois Irmãos, Firmeza, Erva do Rato, Mata Limpa, Mata Verde, Viados. (“Almanak do Estado de Alagoas”, 1891, págs. 599 ss)

(Publicado no Facebook, 28-3-2019)

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