terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

UM LUGAR

Gustavo Maia Gomes
Recife, 14-1-2019
Atapuz morreu? Parece. Fomos lá, ontem, Lourdes Barbosa, seu sobrinho Antônio e eu. Fica no litoral Norte de Pernambuco, próximo ao Pontal de Itamaracá. Entre os dois, o Canal de Santa Cruz. E as águas do Atlântico, mais adiante. Morreu Atapuz? Parece. É um lugar belíssimo. Por que foi esquecido? Porque não oferece nada ao visitante? Ou não oferece nada ao visitante porque foi esquecido?
Almoçamos na pousada nossa antiga conhecida, agora sob nova administração. Simpática, a moça trouxe carne fria e cerveja quente. Prometeu melhorar. Sei que vai. Acho que vai. Tomara que vá. Não tenho certeza. Pois Atapuz caiu no esquecimento. Quando, finalmente, a cerveja estiver fria e a carne quente, pode já ser tarde demais.
Deixamos Atapuz. No vilarejo, quase ninguém vimos. As casas vazias. Dois homens bebendo na calçada. Tristeza. Um domingo à tarde e, na cidadezinha, só dois homens bebendo na calçada. Mais à frente, um carro berrando música ruim à beira do caminho. Como se fosse para fazer os cadáveres bulirem. Debalde. Já não se enterram os mortos ali. O cemitério mudou-se para onde foi o progresso.
Eis tudo. Atapuz morreu. Morreu Atapuz. Ainda bem que continua lindo. Talvez, até, mais agora do que nunca.

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