quinta-feira, 26 de outubro de 2017

BOLSA FAMÍLIA OU NEM SEMPRE O ÓBVIO É VERDADEIRO

22 de agosto · Recife · 

A "eficácia na redução da pobreza", de programas de transferência de renda focados nos mais necessitados — como o Bolsa Família — é tida, hoje, como verdade universal.
Um silogismo simples, alegam os crentes, demonstraria a tese: Sócrates é pobre (renda = x); passou a receber a Bolsa Família (y); logo, ficou menos pobre (renda = x + y).
Eu devo ser muito burro para não conseguir acompanhar e me submeter a esse raciocínio, como hoje fazem quase todos os economistas. Inclusive, os bons.
Acontece que fui criado por dona Stella, livre pensadora, e cresci lendo Voltaire, Bertrand Russell, Nelson Rodrigues. Essa gente detestava seguir o rebanho.
Além disso, aprendi com meu tio Hermano Pedrosa e com Adam Smith que a riqueza de uma pessoa, família ou povo se faz com trabalho, conhecimento e iniciativa. Não com esmolas.
E mais: estudei em colégios católicos (Marista, Salesiano). Convenci-me de que, se o Óbulo de São Pedro curasse pobreza, depois de dois mil anos, já estaríamos todos ricos.
Mas, dirão vocês — e o silogismo? — Aquele que, aristotelicamente, "demonstra" a bondade do Bolsa Família? Também posso inventar um, capaz de provar o oposto. Ei-lo:

Sócrates é pobre (renda = x); ele passou a receber a Bolsa Família ( = y, sendo y < x); satisfeito, deixou de trabalhar (x caiu para zero); logo, Sócrates ficou MAIS POBRE (renda = y).

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