quinta-feira, 26 de outubro de 2017

JULIO E GUILLERMINA (Um romance argentino no século XIX, Segunda Parte)

CARAS Y CARETAS. En la imagen aparece la tapa de la edición n. 130, del 30 de marzo de 1901, de la revista Caras y Caretas. Como podrán observar, en la ilustración está caricaturizado el por entonces presidente de la Nación, Julio A. Roca, al qual su ministro de Relaciones Exteriores, Amancio Alcorta, le dice: “General, la prensa critica el nombramiento de Wilde para ministro en Holanda”; y el Zorro [Roca] responde: “Pues confio em que he de serle grato a Guillermina”. Se trataba de una sutil mordacidade que llevaba aparejada uma buena carga de satírico humor político, pues el “Wilde ministro en Holanda” mencionado (por esa época, se les decia ministros ... también a los designados ... antes los governos extrangeros), no era otro que Eduardo Wilde, íntimo amigo de Roca. (...) En cuanto a la citada “Guillermina”, oculta y disfrazada tras la apariencia de referir-se a la reina de Holanda, Guillermina de Orange; estaba la implícita alusión a Guillermina Maria Mercedes de Oliveira Cezar y Diana, que era la esposa de Wilde y a la vez, desde hacia unos cuantos anos, la amante del presidente Roca. La ironía, hiriente como un fino estilete, estaba ahí, claríssima: em buen criollo queria decir que Roca lo que le interessaba, era que estuviera contenta con la designación Guillermina, pero la Guillermina “de acá”, no la “de allá”. (Juan Carlos Serqueiros, Blog Esa Vieja Cultura Frita)
EDUARDO WILDE (1844-1913), cuya figura histórica, si bién de tanto en tanto es destacada, no ha alcanzado el grado de relevancia que corresponderia a sus enormes méritos (...) era um prominente médico, pensador, periodista, escritor y político. (Juan Carlos Serqueiros, Blog Esa Vieja Cultura Frita)

GUILLERMINA MARIA MERCEDES DE OLIVEIRA CEZAR Y DIANA (1870-1936) había tido una esmerada educación en el exclusivo Colegio Americano fundado por una de las maestras norte-americanas traídas al país por Sarmiento [Domingo Faustino Sarmiento, 1811-88; presidente da Argentina, 1868-74], además de evidenciar una despierta inteligência y una muy notable independência de criterios, detectava um encantador savoir faire y tenía un rostro de extraordinaria belleza y una agraciada figura no exenta de exuberancia. (Juan Carlos Serqueiros, Blog Esa Vieja Cultura Frita)

JULIO ARGENTINO ROCA (San Miguel de Tucumán, 17 de julio de 1843 – Buenos Aires, 19 de octubre de 1914) fue un político, militar y estadista argentino, artífice de la Conquista del Desierto, dos veces Presidente de la Nación –entre 1880 y 1886 y entre 1898 y 1904- y máximo representante de la Generación de Ochenta. Dirigió la política argentina durante más de treinta años a través del Partido Autonomista Nacional, partido que se mantuvo 42 años en el poder sin ninguna alternancia, tejiendo complejos sistemas de alianzas con distintas fuerzas, lo que le valió el mote de “el Zorro”. (Wikipedia)

16 de agosto · Recife · 

Continuo meu relato de um romance argentino, baseado nas informações de Félix Luna, “Soy Roca” (Buenos Aires, Editorial Sudamerica, 1989; edição de bolso, 2005). Julio Argentino Roca (1843-1914) foi um militar e político duas vezes presidente de seu país. Ele casou-se com Clara Funes, enviuvou em 1890 e manteve por longos anos um caso de amor clandestino com Guillermina Maria Mercedes de Oliveira Cezar y Diana (1870-1936).
“Quando encontrei Guillermina”, diz o general e político, apud Félix Luna, “estive enamorado como um cadete” (pág. 310). Mas a mulher – frequentadora da alta sociedade portenha – era casada com Eduardo Wilde (1844-1913), vinte e cinco anos mais velho que ela, também figura de destaque, “um dos mais preclaros expoentes da geração de 1880” (Juan Carlos Serqueiros), ministro da Justiça e Instrução Pública no primeiro governo Roca.
Guillermina e Julio mantiveram um romance intenso, durante quase uma década. Todo o país sabia do caso. O marido traído, um intelectual livre pensador, não o ignorava, tampouco. E, no entanto, jamais reclamou. Na segunda gestão de Roca, assumiu, novamente, funções importantes. Nomeá-lo para um cargo em Buenos Aires foi o meio infalível que o presidente encontrou para manter Guillermina nas proximidades.
Quando o mandato presidencial já estava no quarto ano (1901), Julio Roca, finalmente, compreendeu o risco que significava para sua sobrevivência política continuar aquele romance de amor clandestino, porém, de conhecimento público. Com o coração partido, nomeou Eduardo Wilde embaixador da Argentina, primeiro em Washington, depois na Bélgica e Holanda. Pretendia, com isso, dar um sinal inequívoco de que seu caso com Guillermina estava encerrado.
Contudo, ainda haveria um clímax da despedida. Com o marido e ela própria já instalados na Europa, Guillermina encontrou na morte de seu pai a justificativa perfeita para vir a Buenos Aires e rever o amante. Foram 45 dias de lua de mel, confessa Roca, pela pena de Félix Luna. “Foi um mês e meio: o último presente de tempo que nos brindou o destino. Estávamos quase sós em Buenos Aires [devido a ser época de férias]”.
Mas, "não faltou quem nos apontasse o escândalo de nossa relação", continua o presidente enamorado, nas palavras a ele atribuídas por Félix Luna: “o mais cruel, a capa da revista Caras y Caretas, que fora lançada recentemente com enorme sucesso, onde aparecíamos o ministro das Relações Exteriores e eu. Jogando com o fato de a esposa de Wilde e a rainha da Holanda terem o mesmo nome, Alcorta [o ministro] me dizia que a imprensa criticava a nomeação de Wilde como ministro [embaixador]. – Pois confio que Guillermina me agradecerá... – respondia eu”. (pág. 358)
Eis o que, no livro “Soy Roca”, Julio Argentino diz sobre a mulher de sua vida: "Em uma etapa tão amarga e cheia de fracassos políticos, Guillermina me deu um amor como eu jamais havia conhecido. Nada parecido com as fugidas que eu dera com mulheres em minha juventude, nem com os parcimoniosos ritos de minha vida matrimonial, nem com as aventuras ocasionais destinadas a provar-me que eu continuava capaz de seduzir. Com Guillermina, vivi um amor pleno e completo, oferecido e recebido para nos saciar sem medida um com o outro" (pág. 314).
Guillermina nunca teve filhos, o que livrou seu marido de enfrentar um vexame, pois se dizia que o casamento dos dois não tinha sexo. Era, em todo caso, livre, coerentemente com as ideias avançadas de Wilde, “proeminente médico, pensador, periodista, escritor e político” (Juan Carlos Serqueiros).

As más línguas, como sói acontecer, não pouparam o marido traído, porém, protegido pelo amante poderoso de sua mulher. A ele, Eduardo, os contemporâneos atribuíram a frase devastadora: “os chifres são como os dentes: doem ao sair, mas ajudam a comer”.

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