quinta-feira, 26 de outubro de 2017

"A HISTÓRICA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA" E "UM HÁBITO ANTIGO, ORA EM DESUSO"


A HISTÓRICA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
A estada de poucas semanas do príncipe regente D. João em Salvador, fugindo de Napoleão, em 1808, foi pródiga em realizações importantes. Copio do site da Faculdade de Medicina da Bahia:
"Após abrir os portos do Brasil às nações amigas de Portugal, D. João VI assinou, em 18 de fevereiro de 1808, o documento que mandou criar a Escola de Cirurgia da Bahia, no antigo Hospital Real Militar da Cidade do Salvador, que ocupava o prédio do Colégio dos Jesuítas, construído em 1553, no Terreiro de Jesus. Em 1º de abril de 1813 a Escola se transformou em Academia Médico-Cirúrgica. Em 3 de outubro de 1832 ganhou o nome de Faculdade de Medicina, que guarda até hoje."
Em 1903, meu tio-avô Alípio Maia Gomes ali se formou médico. Ele estudou no prédio antigo, destruído em março de 1905 por um grande incêndio e reconstruído quatro anos depois. Visitei a Faculdade de Medicina da Bahia no início desta semana, aproveitando uma rápida estada em Salvador.
Durante duas horas preciosas, andei pelo centro histórico da grande cidade baiana, onde tenho amigos e parentes (que, entretanto, ainda não pude conhecer desta vez, mas que espero encontrar muito em breve).
Fotografia de 1862, de Camillo Vedani, mostra o Terreiro de Jesus e as antigas instalações dos jesuítas. A igreja tornou-se a Catedral Basílica e o Colégio dos Jesuítas, à direita, é a Faculdade de Medicina, fundada em 1808, pelo Príncipe Regente Dom João. Na praça, corava-se roupa. O alpendre da entrada do Colégio (registrado em foto de 1859) foi retirado e colocado as armas do Império em cima da porta. As árvores são recentes. (Texto e foto colhidos no site Guia Geográfico Salvador Antiga.)
Jardins e anfiteatro da Faculdade de Medicina da Bahia. (Foto Gustavo Maia Gomes, 17/10/2017)
 
Vista parcial da fachada da Faculdade de Medicina da Bahia (em cor rosa, ou terracota), começando ao lado da Catedral Basílica de Salvador. O prédio anterior foi destruído por um incêndio em 1905. Este é a reconstrução inaugurada em 1909. Após abrigar, durante alguns anos, o memorial da Medicina da Bahia, o imponente edifício recebeu de volta (em 2004) a administração e alguns cursos de extensão da Faculdade, conforme descobri no site oficial da instituição. (Foto Gustavo Maia Gomes, 17/10/2017)

UM HÁBITO ANTIGO, ORA EM DESUSO
Na parte externa do anfiteatro Alfredo Brito (Faculdade de Medicina da Bahia), foram colocadas nove estátuas de professores notáveis. Cópias das mesmas estão dispostas em um corredor interno da faculdade.
Eu aprendi, ainda nos tempos de criança, no Instituto Bom Jesus do Arraial, de Dona Inês, que professores são para ser reverenciados. Esquecemos essa lição, infelizmente. Mas, ela me foi relembrada pelos mestres petrificados da Faculdade de Medicina da Bahia, que visitei esta semana.
Alguns, já perderam partes dos corpos; em outros, nasceram plantas, cujas sementes foram trazidas pelos ventos ou os passarinhos. (Isso produziu situação constrangedora para Raimundo Nina Rodrigues, conforme comento em uma das fotos anexas.) Mas, todos continuam lá, sentados e vigilantes.
A reverência aos professores simboliza algo ainda mais elevado: a importância do estudo, do aprendizado, do conhecimento. Cito Antonio Carlos Nogueira Brito, em frase inserida no discurso de reinauguração (2001) do Anfiteatro Alfredo Brito:
“Atentai, ó vós que estais a pisar este chão. Este chão é sagrado. Este chão, este solo, esta terra são ungidos, são consagrados, são abençoados pelos deuses da Medicina. Este é o chão do santuário da Medicina primaz do Brasil”. Antonio Carlos Nogueira Britto, Vice-presidente do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Em http://www.fameb.ufba.br/historia_med/hist_med_art03.htm


Faculdade de Medicina da Bahia. Professor Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) e o que poderia ser descrito como uma ereção vegetal. (Foto Gustavo Maia Gomes, 17/10/2017)

Os professores petrificados da velha Faculdade de Medicina da Bahia. (Foto Gustavo Maia Gomes, 17/10/2017)


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