quinta-feira, 26 de outubro de 2017

DOIS DIAS E MEIO EM MONTEVIDÉU



A capital do Uruguai nos deu excelente impressão, a minha mulher e a mim. Eu já tinha estado lá, um bom tempo atrás, em viagem de trabalho -- portanto, demasiado rápida. Não pude, então, apreciar a cidade. Desta vez, foi diferente. Melhor. Tudo é melhor na companhia de Lourdes Barbosa.
Caminhamos muito na Peatonal Sarandi, via exclusiva de pedestres, que passa perto de onde ficamos hospedados, na Ciudad Antigua. Visitamos a Libreria Más Puro Verso (um espetáculo), entramos na Catedral (bonita, mas não deslumbrante), vimos o Teatro Solis (havia fila para entrar), estivemos na Praça da Independência, nas ruas comerciais...
Comemos em dois restaurantes conhecidos. O Tona, em Pocitos, foi decepcionante: mais enfeite do que sabor. Já El Palenque, no Mercado do Porto, superou as expectativas pela qualidade da carne e a extraordinária movimentação do lugar. Não fomos a concertos ou museus. Havia filas demais e tínhamos tempo de menos. Uma pena.
Andamos pela Rambla, avenida que margeia o Rio da Prata. Passamos ao lado da Igreja Anglicana, cuja localização original era bem próxima ao rio, antes de ela ser "transportada" para um ponto mais alto, quando decidiram alargar a avenida. Em torno, ficam o Espacio Libre Luis Carlos Prestes e o monumento ao Visconde de Mauá, que já comentei aqui, noutra ocasião. Não sei a quem ocorreu a ideia de juntar postumamente, e em lugar assim inusitado, dois brasileiros tão desiguais.
Fizemos uma visita guiada a pontos turísticos em ônibus especial (um "city tour", como se diz em "português"). Vimos quase tudo, sob frio intenso e naquela pressa inimiga da perfeição. Sem dúvida, uma tarde agradável e instrutiva. Montevidéu é cheia de belos parques. (Num deles fica o Estádio Centenário, palco da Copa do Mundo de Futebol de 1930. O Uruguai foi campeão.)
Os campos de golfe, ao lado dos quais o ônibus turístico passou, produzem uma paisagem belíssima. Que me perdoem os politicamente corretos, mas a pobreza é feia. A riqueza pode até não ser bonita -- se faltar bom gosto, por exemplo -- porém as chances de que o seja são grandes. Pensei nisso ao contemplar os campos de golfe em Montevidéu.
Por vários cartazes expostos nas ruas e pela televisão, soube que estão comemorando os cem anos do tango La Cumparsita, hino popular e cultural do país. Foi composto pelo uruguaio Gerardo Matos Rodríguez e gravado por muita gente, destacadamente, por Carlos Gardel.

A propósito, o local onde nasceu esse cantor é objeto de intermináveis disputas. O Uruguai diz que foi lá; a Argentina nem admite tal hipótese. A França também concorre. Gardel morreu em 1935. Os argentinos juram que ele continua vivo. Creio que os uruguaios acham o mesmo.

(Publicado no Facebook em 2/8/2017)

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