quinta-feira, 26 de outubro de 2017

BERTRAND RUSSELL NA LAVA JATO


Bertrand Russell (1872-1970) é um de meus filósofos prediletos. Para demonstrar que Matemática e Lógica são a mesma coisa, ele e Alfred Whitehead escreveram Principia Mathematica, talvez o mais incompreensível livro do século XX — excluídos, claro, os dos economistas franceses.
Não gosto dele por causa de um livro que nunca consegui ler, mas devido ao que escreveu depois. Voltou-se para questões sociais e de costumes. (Seu livro O Casamento e a Moral, de 1929, ainda pode ser lido com prazer.) Uma espécie de Voltaire ressuscitado, Russell foi sarcástico, brilhante e, acima de tudo, intelectualmente honesto.
Para testar suas ideias, vivia inventando ou recolhendo paradoxos lógicos. Cada vez que encontrava um e não o conseguia resolver, mais abalada ficava sua crença na tese de que Matemática e Lógica eram uma coisa só. Terminou desistindo daquilo e escrevendo coisas mais compreensíveis.
Lembrei-me de Bertrand Russell ao ler, ontem (5/9), a nota de Joesley Ladrão Batista e seu fiel escudeiro Ricardo Larápio Saud a respeito da gravação de sua conversa sobre procuradores da República, ministros do Supremo, etc. Na declaração escrita, os dois juram que era tudo mentira o que haviam dito na declaração oral.
Foi quando me apareceu Bertrand Russell dizendo: "Conta pra eles o paradoxo do mentiroso". É o seguinte: uma pessoa diz "eu minto". Se a frase for verdadeira, será falsa, já que foi dita por uma pessoa que mente. Se for falsa, será verdadeira, já que foi dita por uma pessoa que não mente.

Russell não disse, mas teria pensado: "bota na cadeia essa gente toda que mente quando diz a verdade e diz a verdade quando mente. Quem sabe, vendo o sol nascer quadrado, eles conseguem provar o que eu nunca consegui ".

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