quinta-feira, 26 de outubro de 2017

VIAGEM E LIVROS

9 de agosto · Recife · 

Antes de ir à Argentina, onde estive com Lourdes Barbosa em 17 e 18/7 e (depois de uma curta estadia no Uruguai) entre 22 e 27/7, decidi ler um pouco sobre a história daquele país.
Já tinha em casa, fazia algum tempo, “Argentina since Independence”, organizado por Leslie Bethel. Esse nome e o fato de ter sido o livro extraído da “Cambridge History of Latin America” davam garantias de qualidade. Não me decepcionei.
As linhas gerais da história política e econômica dos nossos vizinhos já me eram conhecidas, mas não em detalhes importantes. Impressionaram-me, na leitura de “Argentina since Independence”, sobretudo:
(a) as semelhanças na forma de atuação política entre os caudilhos argentinos e os clássicos coronéis brasileiros, sobretudo, no final do século XIX e início dos anos 1900;
(b) a instabilidade política e as repetidas “revoluções” provinciais, quase todas, sangrentas, especialmente, ao longo do século XIX, ou até 1880, para ser mais preciso;
(c) o extraordinário ciclo de crescimento econômico persistente e elevado (algo como 5,5% ao ano) vivido pela Argentina, grosso modo, entre 1880 e 1914;
(d) as dimensões da imigração europeia, especialmente, de espanhóis e italianos, ocorrida nas últimas décadas do século XIX e primeiros anos do século XX.
Dessa última, dou um exemplo: “Na cidade de Buenos Aires [1914], os imigrantes empregados no comércio e na indústria representavam 72,5% e 68,8% dos totais respectivos” (“Argentina since Independence”, pág. 85).
No país como um todo, as percentagens de trabalhadores nascidos no Exterior eram menores (62,1% no comércio; 44,3% na indústria; 38,9% na agricultura e pecuária) mas, ainda assim, elevadíssimas. Claro que São Paulo e o Brasil, nessa mesma época, também receberam contingentes enormes de europeus, mas não nessas proporções.
Em Buenos Aires, comprei o "Soy Roca", de Félix Luna, um ensaio escrito na primeira pessoa, como se fora uma autobiografia do militar e político Julio Argentino Roca (1843-1914). Ainda não terminei a leitura, mas já posso dizer que é um dos melhores livros que conheci nos últimos cinco ou dez anos. Falarei dele em outra ocasião.
Já havia comprado, em Montevidéu, “América Latina y la Gran Guerra: El Adiós a Europa. Argentina y Brasil, 1914-1939", de Olivier Compagnon. Parece bom, mas ainda nem o abri direito.
Viagens e livros sempre deveriam estar juntos.

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