quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

ELOGIO AO SABOR


Gustavo Maia Gomes

Quem já experimentou tacacá na cuia, feito, comprado e bebido numa calçada de Belém? Humm! E pato ao tucupi, daquele que bom assim só paraenses sabem fazer? E um filhote? (Nada a ver com cachorro ou gato, é um peixe de água doce.) Delícia.

E os caranguejos servidos em “unhas”? (É como eles chamam. Que unhas!) Ou tirados da casca, suculentos, irresistíveis? De jacarés, não falo, pois nunca experimentei. Tartarugas, sim. Embora tenham sua graça, posso viver sem elas.

O açaí virou moda, mas esse que se acha aí (ou aqui) não se compara ao que se acha lá. Açaí não é isso aí. Você pensa que conhece. Foi enganado. Precisa experimentar o verdadeiro. Não é só. Em se tratando de frutas amazônicas, há muitas outras de que se fazem os melhores sucos e sorvetes: muruci, bacuri, taperebá, tucumã, uxi.

– Oxe?

– Não, uxi.

Cupuaçu, castanha do Pará, cacau também são de lá. Prove. Sei que vai gostar, pois é assim que a gente tem respondido à difusão no Brasil da cozinha paraense: dizendo quero mais.

Maniçoba, chicória, caruru... Farinha de Bragança, farinha d’água, farinha de tapioca... É um outro mundo culinário, que aprendi a apreciar muitos anos antes de conhecer a mulher que me enfeitiçou mesmo sem misturar cachaça com jambu.

Pois Lourdes Barbosa, paraense, amante da boa comida, cozinheira de mão cheia, estudiosa da Gastronomia, doutora em Administração, professora quase aposentada de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal de Pernambuco e, acima de tudo, minha mulher, está abrindo uma loja de produtos alimentícios.

Os ingredientes virão de sua terra, muitos deles trazidos por avião. Serão preparados aqui no Recife por ela mesma. Precisarei controlar o ciúme de não mais poder dizer-lhe, com ares de monopolista: -- Vai cozinhar bem assim lá em casa!

Depois de tudo isso, quem desconhecer a Mercearia Pará, não vai saber o que está perdendo.

(Publicado no Facebook, 28/10/2019)

Nenhum comentário:

Postar um comentário