quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

SABEDORIA CONTEMPORÂNEA


Gustavo Maia Gomes

Como resenhar 1.500 páginas em uma? Nem tentarei. Apenas, aviso aos navegantes: estes três livros citados nas Referências são imperdíveis.

Pinço frases que grafei enquanto os lia. Não são necessariamente as melhores. Mas, são boas o bastante para instigar nos potencialmente interessados o desejo de enfrentar as 570 páginas de “Bourgeois Dignity”, as 686 de “O Novo Iluminismo” e as 214 de “O Chamado da Tribo”.

“A renda real por pessoa na atualidade é, pelo menos, 16 vezes maior do que era em torno de 1700 ou 1800, num país como a Grã-Bretanha e outros que experimentaram o crescimento econômico moderno. (...) Nas economias americana ou sul-coreana (...) o desempenho foi ainda melhor. E se novidades como viagens de avião a jato, pílulas de vitaminas e comunicação instantânea forem apropriadamente computadas, o fator de melhoria material vai para 18, 30 ou muito mais” (Mc Closkey, pág. 48).

Isso tem sido algo absolutamente inédito na História humana, continua a autora. Não aconteceu nem na China da dinastia Song, nem no Egito do Novo Reino, nem nas gloriosas Grécia e Roma antigas. Nem no Brasil, acrescento eu. Com efeito, exceto nos últimos dois séculos, a pobreza absoluta, generalizada e sustentável sempre foi o estado normal da humanidade. Hoje, finalmente, isso já não é verdade, para a imensa maioria das pessoas.

“O mundo é cerca de cem vezes mais rico hoje do que era há dois séculos e a prosperidade está se distribuindo de modo mais uniforme por todos os países e povos do mundo. A proporção da humanidade que vive em extrema pobreza caiu de quase 90% para menos de 10% e, durante o período de vida da maioria dos leitores deste livro, pode aproximar-se de zero” (Pinker, pág. 381).

E, finalmente, Vargas Llosa, que enfoca mais o lado político:

“A igualdade perante a lei e a igualdade de oportunidades não significam igualdade nos ingressos e na renda, coisa que liberal algum proporia. Porque isso só pode ser obtido por meio de um governo autoritário que ‘iguale’ economicamente todos os cidadãos mediante um sistema opressivo, fazendo tábua rasa das diferentes capacidades individuais, imaginação, criatividade, concentração, diligência, ambição, espírito de trabalho, liderança. Isso equivale ao desaparecimento do indivíduo, sua imersão na tribo" (Vargas Llosa, pág. 19).

REFERÊNCIAS

Deirdre N. Mc Closkey, “Bourgeois Dignity: Why Economics can’t Explain the Modern World”, Chicago, The University of Chicago Press, 2010

Steve Pinker, “O Novo Iluminismo”, São Paulo, Companhia das Letras, 2018

Mario Vargas Llosa, “O Chamado da Tribo: Grandes Pensadores para o Nosso Tempo”, Rio de Janeiro, Objetiva, 2019.

(Publicado no Facebook, 27/1/2020)

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