quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

UNIÃO DOS PALMARES, A CIDADE


Gustavo Maia Gomes

O município fica na região canavieira Norte de Alagoas. No começo, era Macaco. Foi, em seguida, Cerca Real de Macacos, Santa Maria Madalena (c.1830) e Vila Nova da Imperatriz (1831). Em 1889, subiu à condição de cidade, sem trocar de nome.

Um ano depois, passou a ser União; finalmente (1943), tornou-se União dos Palmares, em homenagem ao quilombo, nome que conserva até hoje. Em 1960, perdeu os territórios de Mundaú e Mungaba (hoje, município de Santana do Mundaú), mas não Rocha Cavalcante, antiga Barra do Canhoto, mantido na condição de distrito.

Em União dos Palmares está a fazenda Anhumas, propriedade de familiares meus desde 1933. É a terra (de adoção, em alguns dos casos) do coronel Basiliano Sarmento, do poeta Jorge de Lima, do escritor Carlos Povina Cavalcanti, do agrônomo Benon Maia Gomes e das mulheres à frente de seu tempo Maria Mariá de Castro Sarmento e Helena Soares Bahia. Todos já mortos.

Estávamos lá, percorrendo a cidade, Lourdes Barbosa e eu, no dia 7 de setembro. Conosco, Cassio Silva, Genisete Lucena Sarmento, Carmen Theresa Borba Leite, Iremar Marinho e João Paulo Farias. A caminhada em tão boa companhia proporcionou momentos agradáveis. Serviu para nos mostrar, aos visitantes, que União tem seus encantos.

E seus problemas. A cheia do Mundaú em 2010 destruiu centenas de casas; duas ruas históricas que ladeavam o rio desapareceram sob as águas. União é, também, um município típico da cana e do açúcar, com uns poucos ricos (tipicamente, devendo ao Banco do Brasil mais do que podem pagar) e muitos pobres, cuja miséria, nos anos recentes, tem sido anestesiada pela farta distribuição de bolsas-família.

Eis a mensagem implícita: fiquem quietos, para que tudo continue a ser como sempre foi. Falo por mim e, talvez, por Lourdes. Não sei se com tal ceticismo concordariam os finados Jorge de Lima, Basiliano Sarmento, Povina Cavalcanti, Benon Maia Gomes, Maria Mariá e Helena Bahia. Ou os vivinhos e bulindo Cassio Silva, Genisete Lucena Sarmento, Carla Theresa Borba Leite, Iremar Marinho e João Paulo Farias.

Quem ainda pode falar que o faça.

(Publicado no Facebook, 19/9/2019)

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