quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

EM BUSCA DE ALÍPIO


Gustavo Maia Gomes

Fui a Salvador, antes de tudo, conhecer os parentes que tenho por lá: Neusa Calheiros Maia Gomes, filha de Fernando Maia Gomes (1885-1972), sua filha Ana Paula, e as netas e bisnetas de Alípio Maia Gomes (1878-1916). Os irmãos Fernando e Alípio foram meus tios-avôs. Em “O Trem para Branquinha” (2018) dediquei dois capítulos a eles. Um para cada.

Alípio nasceu provavelmente em Branquinha (AL) no engenho Campo Verde de seus pais Manoel Gomes dos Santos (1841-1925) e Tereza de Jesus Maia (c.1851-c.1930), mas viveu a maior parte de sua vida adulta na Bahia.

Ele chegou a Salvador em 1897, a fim de estudar Medicina. (Formou-se em 1903.) Espírita, republicano e maçom, ofereceu-se para cuidar dos feridos da Guerra de Canudos, que acontecia naquele mesmo ano no Sertão. Fez isso com muita dedicação, segundo relataria mais tarde o sogro Sergio Cardozo (1858-1933). Meu tio-avô foi, também, um homem de atividade jornalística intensa, exercida, primeiro, em Maceió e, depois, na cidade de Santo Amaro (BA), onde viveu seus anos de adulto.

Do primeiro casamento, com Luíza Pires Guimarães Brandão (1887-1910), Alípio teve dois filhos: Elmano, de cuja história nada consegui saber, e Mario Brandão Maia Gomes (1906-43), jornalista, escritor, amante das mulheres e da boemia, um homem de vida rocambolesca e, ao final, trágica. Não deixou filhos à posteridade. (Dedico a Mario um capítulo inteiro no livro “Uma Noite em Anhumas”, a ser publicado em 2020.)

Depois da precoce morte de Luíza, Alípio casou-se com Elisette Cardoso (?-?). Desse segundo casamento, nasceram Luiz, Francisco, Inah e Yara, todos já falecidos. Em Salvador, conheci quatro filhas de Iara (portanto, netas de Alípio): Amazonina, Elisa, Elisete e Iara. Também conheci Rose Caymmi (filha de Elisa). Não pude encontrar Sulamita, filha de Amazonina, com quem, entretanto, tenho frequentes contatos via Facebook. Nem Marília Muricy, filha de Inah.

Tendo falecido no mesmo ano em que meu pai nasceu (e, longe de sua terra natal), Alípio não era muito lembrado em minha casa de menino e rapaz. Até recentemente eu, de fato, desconhecia sua existência no passado. Mesmo assim, a viagem à Bahia teve o gosto proustiano de uma busca do tempo perdido. E valeu.

Agradeço muito a calorosa recepção que Lourdes Barbosa e eu tivemos ali. E, em especial, a presença de Neusa (lúcida e animada nos seus 97 anos) no almoço da família, assim como o convite para o jantar feito (e atendido) por Elisete e o marido Alberto Guerreiro (uma unanimidade do bem, pelo que pude perceber).

(Publicado no Facebook, 20/9/2019)

Nenhum comentário:

Postar um comentário