quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

EM SÃO JOSÉ DA LAJE


Gustavo Maia Gomes

Lourdes e eu fomos ver a cidade onde meu avô Nominando foi juiz de Direito, nos anos 1940. Cruzamos o Rio Mundaú. Andamos nas calçadas. Tiramos fotos. Li jornais. Soubemos de coisas graves.

"No dia 8 do corrente mês, o tenente coronel Possidônio Ferreira Totta teve a sua propriedade invadida pelo comissário de polícia daquele município, acompanhado da força pública e de mais de 20 cangaceiros."

A estação de Laje virou uma pequena biblioteca. Perguntamos a duas mocinhas sentadas por perto se podíamos cruzar a linha férrea sem risco de atropelamento. Responderam que sim. O trem não passa ali há anos.

Prossegue o jornal: "Se não fosse a prudência de Possidônio Totta, teríamos fatalmente uma grande desgraça a lamentar, pois o comissário de polícia saiu de Lage proclamando que ia buscar a cabeça do coronel."

A igreja está bonita. O dia é de sol. O rio aparenta calma, apesar das chuvas recentes. Há um letreiro dizendo “Eu amo São José da Laje”. Vimos a casa em que meu avô morou. Não tenho certeza disso, mas soa bem.

Terminei de ler: "Entregamos aos cuidados do Secretário do Interior este garantidor da ordem pública, cuja ação policial se resume em arrancar a cabeça de seus adversários."

Conclui que a situação em São José da Laje está crítica. A não ser pelo fato de que a notícia havia sido publicada em Maceió, no Diario do Povo, em 16 de janeiro de 1917.

(Publicado no Facebook, 9/9/2019)

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